sábado, 8 de agosto de 2009

ANTIDOPING

EPO - Hormônio sintético de EritropoietinaEfetiva, ilegal e mortal
Os escândalos que atormentaram o Tour de France de 1998 divulgaram amplamente o sistemático abuso do hormônio sintético EPO para melhorar a performance. No começo do Tour de France, os ciclistas Alex Zuelle e Laurent Dufaux, da equipe Festina, admitiram tomar EPO, e o diretor da equipe confessou organizar o doping sob controle médico. Enquanto a imprensa popular demonstrou choque em relação ao uso disseminado de EPO entre ciclistas de ponta, aqueles próximos ao esporte indicavam que o abuso do EPO havia permeado o escalão de topo dos ciclistas pela década passada.



O que é EPO?
EPO (abreviação de eritropoietina) é um hormônio secretado pelo rim que estimula a medula óssea a elevar a produção de células vermelhas do sangue. O principal benefício do treinamento em altitude é aumentar a produção natural de EPO (eritropoietina), o que eleva a quantidade de hemoglobina no sangue. Oxigênio é transportado no sangue ligado à hemoglobina. Portanto, uma elevação de EPO ocasiona o aumento na capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. Mais oxigênio no sangue significa mais oxigênio alcançando os músculos para a produção de energia aeróbica, o que melhora a performance de ciclistas, corredores de longa distância e outros atletas de resistência.



Há duas formas ilegais de elevar a capacidade de transporte de oxigênio no sangue de um atleta. Uma é o doping sangüíneo, a qual era a melhor tecnologia disponível nos anos 70 e boa parte da década de 80. Doping sangüíneo envolve remover e estocar um litro do próprio sangue, esperar algumas semanas até que o corpo tenha restaurado a quantidade de células vermelhas do sangue, e então reinjetar as células vermelhas estocadas. Doping sangüíneo requer a redução da qualidade do treinamento depois que o sangue for tirado, e é um procedimento bastante complicado.



A maneira moderna de aumentar ilegalmente a capacidade de transporte de oxigênio do sangue é injetar a versão sintética de EPO. Esse hormônio é produzido sinteticamente para tratar pacientes com mau funcionamento dos rins, câncer e AIDS. Pelos últimos 10 anos, uma parte da produção de EPO fez seu caminho para aos mãos de atletas. No começo desse ano, Eddy Planckaert, belga ex-campeão de ciclismo, confessou ter tomado EPO em 1991 e declarou que durante os últimos dois anos de sua carreira (1990 e 91) muitos outros ciclistas estavam usando EPO. Porém, junto com a melhora na performance em decorrência de EPO, vem uma série alarmante de mortes controversas entre ciclistas de topo. Entre 1987, quando EPO ficou disponível na Europa, e 1990, dezoito ciclistas belgas e holandeses morreram abruptamente, levantando suspeitas que os usuários ingenuamente não sabiam que estavam brincado com fogo.



Por que EPO é perigoso?
O mesmo efeito que melhora a performance de resistência também põe em risco a saúde do usuário. Ao elevar a densidade do sangue, EPO aumenta o risco de coagulação sangüínea, o que pode bloquear os vasos sangüíneos causando infarto ou ataque cardíaco. Uso de EPO também causa hipertensão e pode ocasionar ataque apoplético e falência congestiva do coração. Esporte significa testar os limites. Infelizmente, no caso de EPO, o limite sendo testado é o quão alta a quantidade de células vermelhas no sangue do atleta pode aumentar antes que o fluxo sanguíneo seja interrompido levando à morte.
Hematócrito é a proporção do sangue que é feita de células vermelhas sanguíneas. Os níveis normais de hematócrito são de aproximadamente 40-50% em homens, e 37-47% em mulheres. EPO pode elevar o hematócrito bem acima desta faixa. À medida que o atleta fica desidratado durante o treinamento ou competição, o volume sanguíneo é reduzido, ocasionando elevação do hematócrito e a resistência do sangue para fluir. Durante uma maratona, o hemotócrito de um corredor não-dopado pode aumentar de 45 a 55%. Não há um valor determinado no qual o hemotócrito torna-se perigoso, porém o risco aumenta geometricamente em níveis de hemotócrito acima de 55%. Se um maratonista dopado com EPO começar a competição com 52%, seu hemotócrito pode subir acima de 60% durante a maratona.



EPO pode ser detectado?
O desenvolvimento de um teste válido e confiável para detectar EPO sintético foi a maior prioridade do Comitê Olímpico Internacional antes da Olimpíada de Sidney 2000. O desenvolvimento do teste demorou vários anos devido à dificuldade de produzir um anticorpo que pudesse distinguir o EPO sintético do hormônio produzido naturalmente, e porque a meia-vida do EPO sintético no sangue é de apenas 6-8 horas. O teste de EPO agora é válido e seguro, e vem sendo cada vez mais usado no esporte internacional.
Não há dúvida que a injeção de EPO sintético pode melhorar a performance de corredores de longa distância e outros atletas de resistência. Considerando o uso disseminado entre ciclistas, seríamos ingênuos ao pensar que o abuso da utilização de doping por EPO também não seja prevalente em nosso esporte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário